Design x Som: tudo a ver
O design de um prato influencia diretamente o seu som. Pra entender melhor o que vou escrever é importante conhecer alguns termos utilizados para se descrever o som de um prato. Estes termos também podem ser vistos no glossário.
Curva sonora
Quando um prato (ou tambor) é percutido, o volume do som resultante pode ser representado em um gráfico que tem três partes: a primeira parte é conhecida como ataque; a segunda é conhecida como sustain e a terceira como decay. A rigor, todo som tem estas partes. Em um instrumento de percussão, pode-se chamar de nota o som produzido por um golpe da baqueta.
O ataque corresponde à fase em que se parte do silêncio até o pico (o máximo de volume) que a nota atinge. A seguir vem o sustain, que é a fase em que o som da nota mantém um nível mais ou menos constante. O final da curva é o decay, que é a fase em que o som da nota vai diminuindo até chegar novamente ao silêncio.
Assim, quando falamos em "bastante ataque", significa que o prato atinge rapidamente o volume máximo ao ser percutido. Quando falamos em "sustain longo", significa que o prato soa por bastante tempo após ser percutido. Quando um prato (exceto o chimbal fechado, que tem o sustain extremamente curto) é percutido seguidamente, impedimos que a nota atinja a fase de decay. O resultado é um som composto de ataques e sustain.
Muitos dos termos utilizados para se descrever o som de um prato foram criados por equipes de marketing que tentavam descrever em palavras o som emitido pelo respectivo prato.
Assim, temos termos como "Dark" (escuro), que significa um prato com tonalidade mais grave; "Dry"(seco), que é um prato que tem sustain curto e decay rápido; "Projection" e "Power", que descrevem pratos que atingem alto volume; "Ping", que é uma onomatopéia que reproduz um som "dry"com bastante ataque.
Outro termo importante quando se fala em som de pratos é "overtone". O termo "overtone" pode ser traduzidos como "harmônicos". Os harmônicos são aqueles sons secundários que ouvimos principalmente durante a fase de sustain da nota do prato.
É basicamente aquele "shhhhh" que aparece quando percutimos um prato repetidamente. Pratos "Dry" e "Ping" têm poucos harmônicos. Os harmônicos também são responsáveis pelo timbre do prato. Eu, pessoalmente, escolho meus pratos pelos harmônicos que eles produzem.
O design de um prato, ou seja, a maneira como ele é moldado, torneado e eventualmente martelado, influi diretamente nas suas características sonoras. Existem muitas variáveis a serem consideradas no design de um prato.
Espessura
A espessura do prato tem a ver diretamente com a massa do prato. Quanto maior a massa, maior a energia a ser empregada, mas maior é o volume final. Traduzindo: um prato grosso fala alto mas vc tem que descer o braço pra conseguir isso. Além do volume final, maior massa resulta em maior inércia, ou seja, o prato soa por mais tempo (maior sustain).
Curvatura
Se cortarmos um prato ao meio e observarmos a linha de corte pelo perfil, verificamos que não é só a cúpula que é curva. O corpo e a borda também são curvos e a própria curvatura não é uniforme. Um caso de curvatura extrema seria um sino. A curvatura auxilia na manutenção do sustain do prato por facilitar a dispersão das ondas na superfície do prato. Assim, pratos mais planos tendem a ter menos sustain que pratos mais curvos. Comparem o som de um China com um Crash, considerando apenas o sustain e vcs vão entender do estou falando.
Diâmetro
O diâmetro do prato tem a ver também com sua massa, assim como a espessura, e influencia diretamente o volume e o sustain. Além disso, variações no diâmetro variam a tonalidade do prato (maior diâmetro, mais grave, e vice-versa).
Proporção da cúpula
Pratos de diâmetros iguais podem ter sons bastante diferentes. A proporção entre o diâmetro da cúpula e o diâmetro total do prato é responsável por isso.. Cúpulas maiores tornam o prato mais "duro" (é necessária maior força para se atingir o pico de volume e um sustain razoável), mas o sustain é mais longo e o timbre tende a ser mais agudo.
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